
Acredito que o governo é responsável por evitar esses crimes e, se não consegue agir de tal forma, deve, no mínimo, tentar recuperar o tempo perdido ajudando esse jovens a voltar a convivência social - se é que eles já tiveram isso. Dê a essa crianças a oportunidade de brincar ao invés de trabalhar. Dê a elas carinho, ao invés da imagem de pessoas mortas em seu quintal. Dê a elas uma vizinhança comum, feliz, amigável, segura, em lugar de uma boca de fumo. Dê bolas de futebol ao invés de armas e veremos alguns bons resultados. Projetos sociais desenvolvidos dentro de favelas que promovem a conscientização de que não, não é normal matar e roubar, que não é normal ser aviãozinho do tráfico, tem dado resultados incríveis e provam que a oportunidade faz a diferença.
A diminuição da maioridade penal é um crime contra a própria infância. Se o Estado não é capaz de criar políticas de prevenção à criminalidade infanto-juvenil também não será capaz de coibir os crimes cometidos por meio da simples privação de liberdade.
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Mohammed Abed /AFP |
Já é provado que o número de detentos de um país não reduz o número de crimes cometidos pela sua população. Pelo contrário, a maioria dos que saem da prisão retornam à criminalidade. A história não seria diferente com adolescentes e jovens. Exemplo disso são os centros de detenção infantil em que são amontoados inúmeras crianças e adolescentes, sem nenhum tipo de assistência, que em mais de 80% dos casos voltam a cometer infrações quando libertos.
Reduzir a maioridade não aumentaria em nada o medo de cometer crimes. O que poderia, sim, dar resultados efetivos é criar espaços educativos que amparem de forma consistente esses menores. Colocar crianças e adolescentes atrás das grades é dar-lhes como pena muito mais que a simples privação de liberdade, significa tirar o direito que eles têm (e muitos, no Brasil, não exercem) à educação, a convivência social, ao lazer e socialização e à uma chance de ressocialização.
A maioria dos que se dizem a favor da redução da idade penal de 18 para 16 anos usam como argumento a responsabilidade imputada ao adolescente ao dar-lhes o direito ao voto. Ocorre que a maioria dos jovens brasileiros prefere não fazê-lo e se abstem do direito por não ter exatamente consciência da importância deste ato.
E como ficariam, então, os crimes cometidos contra a infância? Muitos deles deixariam de existir, pelo simples fato de, aos 16 anos, um adolescente ser responsável pelos atos que comete e deixar ser cometido. E, se os pais, muitas vezes já omissos, deixarem de se responsabilizar pelos atos de seus filhos, cada vez menos a educação familiar fará algum sentindo e diferença, e cada vez mais crimes e infrações serão cometidos, por menores ainda menores.
Ontem mesmo li algo falando sobre isso, até porque menores infratores - muitos deles - acabam passando anos aprisionados. Esse sistema prisional forma bandidos, não os trata e reintegra à sociedade.
ResponderExcluirNão é a certeza de uma pretensa impunidade que impedirá um crime, mas sim condições de vida dignas, acesso à cultura e tudo que um ser humano precisa para viver decentemente.
Essa história dá pano pra manga, é tanta coisa envolvida.. É bem uma ideia pequena-burguesa para se solucionar algo, como se a criminalidade existisse apenas em decorrência da falta de segurança pública. Pretende-se combater o criminoso, não o crime ou a formação de novos criminosos.
Quem defende a redução da maioridade penal precisa ouvir Facção Central e também aquela música "Classe média", sabe? Fala bem dessas coisas.
E pare de ler a Veja. Já diz o Paulo Henrique Amorim que esta revista tem um fungo, você folheia, lê, fica doente e, por fim, morre. Cuidado! haha
um beijo, Sin
bela análise!